O MÉTODO CIENTÍFICO




Introdução







É comum ouvirmos falar sobre método científico. Alunos de ginásio e de segundo grau aprendem a respeito nas aulas de ciência e o empregam em competições de pesquisa. Anunciantes o utilizam para sustentar alegações sobre produtos como aspiradores de pó e vitaminas (em inglês). Hollywood também o retrata mostrando cientistas usando jalecos e equipados com pranchetas, posicionados diante de microscópios e recipientes repletos de líquidos borbulhantes.



Então, por que o método científico continua a ser um mistério para tanta gente? Um dos motivos talvez seja o nome. A palavra "método" sugere uma espécie de fórmula secreta, disponível apenas para cientistas altamente treinados, mas isso não procede. O método científico é algo que todos nós podemos usar a qualquer momento. De fato, adotar algumas das atividades básicas do método científico - ser curioso, fazer perguntas, procurar respostas - é algo natural em todo ser humano.
Neste artigo, desmistificaremos o método científico, reduzindo-o a suas partes componentes.
Exploraremos a maneira pela qual ele pode resolver problemas cotidianos, mas também explicaremos porque ele é tão fundamental para as ciências físicas e naturais. Também examinaremos alguns exemplos de como o método foi aplicado para fazer descobertas históricas e fornecer sustentação a teorias inovadoras. Mas começaremos por uma definição básica.
Se pedirmos a um grupo de pessoas para definir "ciência", receberemos muitas respostas diferentes. Infelizmente, a maioria dos dicionários não esclarece muito o assunto. Eis uma definição comum:
Ciência é a atividade intelectual e prática que abarca a estrutura e o comportamento do mundo físico e do natural, por meio da observação e da experimentação [fonte: Oxford American Dictionary].
Parece difícil, certo? Não se dividirmos essa definição pomposa em partes. Ao fazê-lo, teremos realizado duas coisas: primeiro, sustentaremos o argumento de que a ciência não é misteriosa, ou inatingível; segundo, demonstraremos que o método científico e a ciência são idênticos.







As etapas do Método Científico







Para oferecer uma nova prova de que não existe um método único de "fazer" ciência, diferentes fontes descrevem as etapas do método científico de maneiras diversas. Algumas delas mencionam três etapas, outras apenas duas. Em termos fundamentais, porém, elas incorporam os mesmos conceitos e princípios.





Para os nossos propósitos, diremos que existem cinco etapas fundamentais no método.






Etapa 1: Observação








Quase todas as investigações científicas começam por uma observação que desperta a curiosidade ou suscita uma questão. Por exemplo, quando Charles Darwin (1809-1882) visitou as Ilhas Galápagos (localizadas no Oceano Pacífico, a 950 km a oeste do Equador), ele observou diversas espécies de tentilhões, cada qual adaptado de maneira única a um habitat específico. Os bicos dos tentilhões, em especial, apresentavam largas variações e pareciam desempenhar papel importante na maneira pela qual o animal obtinha alimento.

Os pássaros cativaram Darwin. Ele queria compreender as forças que permitiam que tantas variedades diferentes coexistissem com sucesso em uma área geográfica pequena. Suas observações o levaram a formular uma pergunta que poderia ser submetida a teste.





Etapa 2: Formulação da pergunta





O propósito da pergunta é estreitar o foco da investigação e identificar o problema em termos específicos. A pergunta que Darwin poderia ter feito, depois de ver tantos tentilhões diferentes, talvez fosse expressa assim: o que causou a diversificação dos tentilhões das ilhas Galápagos?

Eis algumas outras questões científicas:

o que faz com que as raízes de uma planta cresçam para baixo e o seu caule cresça para cima?
que marca de desinfetante bucal mata mais germes?
que forma de carroceria de
automóvel reduz com mais eficiência a resistência do ar?
o que causa descoloração nos corais?
o
chá verde reduz os efeitos da oxidação?
que tipo de material de
construção absorve mais som?

Encontrar perguntas científicas não é difícil e não requer treinamento científico. Se você já se sentiu curioso sobre algo, se já quis saber o que causou algum acontecimento, então provavelmente já formulou uma pergunta que poderia servir de base a uma investigação científica.




Etapa 3: Formulação da hipótese





Perguntas anseiam por respostas e o próximo passo no método científico é sugerir uma possível resposta em forma de hipótese. Uma hipótese é, muitas vezes definida, como um palpite informado porque quase sempre se baseia nas informações que você dispõe sobre um tópico. Por exemplo, se você desejasse estudar o problema relacionado à resistência do ar, poderia já ter a sensação intuitiva de que um carro em forma de pássaro poderia enfrentar menos resistência do ar do que um carro em forma de caixa. Essa intuição pode ser usada para ajudar a formular uma hipótese.

Em termos gerais, uma hipótese é expressa na forma de uma declaração "se... então". Ao fazer uma declaração como essa, os cientistas estão praticando o raciocínio dedutivo, que é o oposto do raciocínio indutivo. A dedução, na lógica, requer movimento do geral para o específico. Eis um exemplo: se o perfil da carroceria de um carro se relaciona à resistência do ar que ele encontra - declaração geral - então um carro em forma de pássaro será mais aerodinâmico do que um carro em forma de caixa - declaração específica.

Perceba que existem duas qualidades importantes quanto a uma hipótese expressa em formato "se... então". A primeira é que ela é passível de teste e é possível organizar uma experiência que teste a validade dessa declaração. A segunda é que ela pode ser contestada, ou seja, seria possível desenvolver uma experiência que revele que tal idéia não procede. Caso essas duas qualificações não sejam atendidas, a questão não poderá ser tratada por meio do método científico.

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